O desempenho foi pior que o verificado no mesmo trimestre de 2002, ano da pior crise do país, decorrente da moratória da dívida e de uma greve, que se seguiram à renúncia do presidente Fernando de la Rúa (1999-2001).
As vendas em supermercados e shoppings também recuaram nos primeiros três meses do ano, 0,9% e 2,3%, respectivamente, na comparação com igual período de 2012, conforme levantamento realizado pela consultoria Finsoport.
Os números apresentados por esses três segmentos são importante termômetro para medir o humor social e a situação do bolso dos consumidores argentinos. Em março, o comportamento do setor de imóveis foi o pior em 15 anos, com um retrocesso de 39,1% nas vendas, conforme o Colégio de Escrivães.
"A situação já tinha se complicado no ano passado com os controles cambiais, mas piorou muito com a brecha entre o paralelo e o oficial porque não há parâmetro para fechar as operações", disse o presidente da Câmara Imobiliária Argentina, Roberto Arévalo.
Na quinta-feira, o dólar paralelo fechou em 9,63 pesos, enquanto a cotação oficial ficou em 5,20 pesos.
Valor médio. De acordo com Arévalo, os preços dos imóveis têm sido negociados por um valor médio entre as duas pontas do câmbio paralelo e oficial. Porém, quando o vendedor e o comprador conseguem chegar a um valor, o dólar paralelo sofre uma nova disparada e a operação é cancelada.
Com o consumo em supermercados e shoppings, o retrocesso é menor, mas marca uma tendência negativa, segundo apurou a consultoria do economista Jorge Todesca. Especialmente porque o consumo é o único motor que não tinha sido ainda afetado pela desaceleração da economia.
"O recuo de 0,9% das vendas de supermercados e de 2,3% dos shoppings no primeiro trimestre, comparado com os três primeiros meses de 2012, evidenciam o moderado crescimento verificado no ano passado nos supermercados e o estancamento nos shoppings", afirmou a consultora.
Em relatório, a Finsoport disse que o mais chamativo é a retração de 83% no consumo de gêneros de primeira necessidade, como alimentos e bebidas e produtos de higiene pessoal.
No mesmo período, o consumo de carnes retrocedeu 25,9%, enquanto o de verduras e frutas baixou 18%. A consultoria também projetou que a economia argentina caminha para um magro crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013.